Fui à janela e logo percebi que nunca mais a paisagem seria a mesma.
A grande araucária estava a ser mutilada.
A sua verticalidade estava a colocar em perigo o bem público, como se ela não o fosse.
Foi com uma lágrima ao canto do olho que o dono da casa me informou do destino cruel da sua árvore de estimação.
-Enfim... fui eu que a plantei. à sua sombra brincaram os meus filhos e, ainda neste Natal, os meus netos... mas ela tem de ser cortada... Plantei-a há quarenta anos, ainda esta zona era um enorme bananal...
Foi um trabalho que decorreu pela tarde fora, com remoção dos troncos e ramagens.
Agora a paisagem é esta.
Fiquei com uma paisagem selvagem de concreto.
O verde quase desapareceu do perto, não fossem os enfesados cedros que temam em resistir à poluição e ao tempo.
Uma nova árvore será plantada no lugar daquela, mas quem viverá mais quarenta anos para saborear a sua sombra e ouvir o seu canto quando o vento soprar do sul?
Compreendo muito a mágoa de ver cair uma árvore cujo único problema foi ter crescido saudável e imponente! Não havia outra forma de a 'segurar'?...
ResponderEliminarInfelizmente hoje em dia já não é hábito "segurar" o que é bom. Não há forma, nem dá jeito fazê-lo. Por isso mais vale abater...
ResponderEliminarLindo este texto.
ResponderEliminarGostei da araucária e de toda a história envolvente.
Parece que vivemos num tempo de desencontros com a natureza. Quem viverá para ver e contar estas pequenas histórias,,,??
A Natureza fará das suas e o homem não poderá escapar à renovação.
Muito se cortam as árvores que nos defendem e protegem e a selva desordenada vai crescendo....