08/01/2011

AS ÁRVORES MORREM DE PÉ

Esta manhã acordei com um barulho estranho.
Fui à janela e logo percebi que nunca mais a paisagem seria a mesma.
A grande araucária estava a ser mutilada.
A sua verticalidade estava a colocar em perigo o bem público, como se ela não o fosse.


Com grande pena do seu proprietário e plantador, a árvore tinha que ser abatida, pois o seu tronco e elevado porte apresentava perigo de queda sobre espaço e bens públicos e privados.
Foi com uma lágrima ao canto do olho que o dono da casa me informou do destino cruel da sua árvore de estimação.

-Enfim... fui eu que a plantei. à sua sombra brincaram os meus filhos e, ainda neste Natal, os meus netos... mas ela  tem de ser cortada... Plantei-a há quarenta anos, ainda esta zona era um enorme bananal...
Foi um trabalho que decorreu pela tarde  fora, com remoção dos troncos e ramagens.


Agora a paisagem é esta.

Fiquei com uma paisagem selvagem de concreto.
O verde quase desapareceu do perto, não fossem os enfesados cedros que temam em resistir à poluição e ao tempo.
Uma nova árvore será plantada no lugar daquela, mas quem viverá mais quarenta anos para  saborear a sua sombra e ouvir o seu canto quando o vento soprar do sul?


3 comentários:

  1. Compreendo muito a mágoa de ver cair uma árvore cujo único problema foi ter crescido saudável e imponente! Não havia outra forma de a 'segurar'?...

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  2. Infelizmente hoje em dia já não é hábito "segurar" o que é bom. Não há forma, nem dá jeito fazê-lo. Por isso mais vale abater...

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  3. Lindo este texto.
    Gostei da araucária e de toda a história envolvente.
    Parece que vivemos num tempo de desencontros com a natureza. Quem viverá para ver e contar estas pequenas histórias,,,??
    A Natureza fará das suas e o homem não poderá escapar à renovação.
    Muito se cortam as árvores que nos defendem e protegem e a selva desordenada vai crescendo....

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